segunda-feira, 5 de julho de 2010

Uma cidade a ser transformada

No dia 11 de julho está marcado o jogo final da Copa da África, e imediatamente após o apito final do juiz, a FIFA e o mundo voltarão os olhos para o Brasil, anfitrião da Copa em 2014.

Tem sido pauta das mídias nacionais e regionais os inúmeros desafios na preparação do país para este evento que movimenta bilhões de pessoas no mundo todo, além de números estratosféricos em cotas de patrocínios e investimentos em infra-estrutura e turismo.

Em recente entrevista do prefeito de Porto Alegre sobre os preparativos da cidade para a Copa, o que mais merece destaque são as inúmeras oportunidades que o estado e principalmente Porto Alegre tem pela frente. Com previsão de aproximadamente 2,5 bilhões de reais em investimentos só no município, muito mais relevantes do que as poucas partidas de futebol no estádio Beira Rio, a Copa do Mundo proporcionará que finalmente se realizem obras que há muito tempo estão represadas e que certamente, quando viabilizadas, poderão estimular o turismo na região, assim como a revitalização dos espaços, áreas públicas e equipamentos urbanos do município.

No mês passado, técnicos, gestores públicos e privados envolvidos direta e indiretamente no planejamento e na execução de obras relacionadas à Copa de 2014 tiveram a oportunidade de conhecer a experiência de sucesso da cidade de Stuttgart, na Alemanha, hoje, transformada em importante pólo turístico na Europa. Esta troca de conhecimentos e de experiências é fundamental para que os nossos representantes possam identificar os grandes problemas e desafios encontrados e algumas das soluções adotadas pelos amigos alemães. Afinal de contas, o planejamento e a organização são atributos inerentes à cultura daquele país.

Quero destacar um tema que a meu ver é de extrema relevância para a cidade de Porto Alegre, assim como para as outras cidades sedes brasileiras. Falo da transformação do ambiente urbano com o objetivo de melhorar a acessibilidade e a mobilidade do cidadão porto-alegrense, e de tabela, dos nossos tão esperados visitantes. Que os gestores, planejadores e executores das obras para a Copa de 2014 reservem boa parte destes investimentos na revitalização das áreas públicas, em uma sinalização urbana e turística mais eficiente, fazendo com que os nossos futuros visitantes tenham mais informação e que possam circular com tranqüilidade pelas avenidas, ruas, parques e pontos turísticos da cidade.

A sinalética urbana de Porto Alegre, que hoje apresenta inúmeras deficiências de informação, fluxo e de orientação para nós porto alegrenses, muito mais crítica será para os milhares de turistas que aqui deverão desembarcar. A sinalética de Porto Alegre precisa urgentemente ser repensada, carece de identidade e de mais legibilidade. Uma cidade como Barcelona na Espanha, por exemplo, em determinadas circunstâncias, recebe um sistema de sinalética em três idiomas. Não muito longe daqui, São Paulo, apesar de todo o seu tamanho e densidade populacional apresenta um sistema muito mais eficiente do que Porto Alegre.

Uma sinalização urbana planejada e funcional, é acima de tudo uma questão de respeito, porque combina design e comunicação, define um sistema e proporciona além da percepção de organização do lugar, maior conforto e segurança ao cidadão. E com certeza, os maiores beneficiados depois do turbilhão da Copa, seremos nós, os que aqui ficaremos.

Fernando Franco
Sócio-diretor da SCENO Environmental Graphic Design